Construímos o nosso blog ArticulandOuab... E seguimos em frente, lendo e escrevendo, pois "os pensamentos postos no papel não passam, em geral, de um vestígio deixado na areia por um passante: vê-se bem o caminho que ele tomou, mas para saber o que ele viu durante o caminho é preciso usar os próprios olhos"... pelo menos é o que diz Schopenhauer...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Cartomante

Muitos são os mistérios, coisas, fatos que nos deixam acreditar que entre o céu e a terra há coisas inexplicáveis, argumento usado por Anaí para justificar sua consulta a uma cartomante.
Logo após um maravilhoso carnaval, novamente .Anaí encontra-se com Cauãm e conta-lhe que ouvira de uma mulher:
- Cuidado mais vale ameaça de Nécio do que do .traidor.O traidor anda sempre com medo.
Isto a deixou nervosa e desconfiada foi aí que decidiu consultar uma cartomante. Esta dizia saber tudo com certeza.”As cartas não mentem”.
- Com ela tive revelações verdadeiras. Não ria de mim Cauãm, você não imagina quanta reza, jejuns e simpatias eu já fiz para você não me esquecer, por favor, acredite te amo demais.
Cauãm ouviu-a atentamente, pegou-lhe as mãos e abraçou-a contra o peito e jurou-lhe amor eterno.
Ali mesmo antes de saírem do motel ele pediu que ela tivesse cuidado que o amor dos dois fosse mais secreto para que o marido dela não desconfiasse. O amante perguntou-lhe o endereço da cartomante, ela deu-lhe o endereço e insistiu que esta adivinhara tudo por isso estava feliz e tranqüila. Despediram-se calorosamente e cada um em um táxi foram para suas casas.
No caminho ele relembrou de suas crendices de infância e juventude. Misturou superstições com religião surgiram-lhe mil dúvidas, mas nada comentou.
Quando Anaí desceu do táxi ouviu um desconhecido dizer:
- Apenas em pensar em trair já é uma traição. Traição consumada é como bomba relógio tem hora certa para explodir.
Vitório, o marido de Anaí, e Cauãm eram amigos desde os tempos de escola. Na juventude cada um havia seguido carreira diferente. Vitório era administrador de empresa, sempre atarefado ou cansado só tinha tempo para a mulher se tivesse alguma visita .Ela linda graciosa viva e de fino trato. Cauãm casado  muito jovem com Eli, que somente se preocupava em fazer ti com as amigas, jogar bingo, seu divertimento preferido. Em nada combinava com o marido. Ele era um simples funcionário público, que amava a vida e gostava de divertir-se.
Nos fins de semana os casais passaram a encontrar-se e houve uma certa convivência e até certa intimidade.
Tempos depois, num desastre,  morreu a mãe de Cauãm. Ele ficou entre a vida e a morte precisava de cuidados e companhia. Vitório seu melhor amigo cuidou de tudo com muito esmero. Aí foram muitas as oportunidades de Anaí aproximar-se dele. Passava horas ao lado dele, lendo livros, auxiliando nos curativos e depois fazendo passeios no bosque, enfim,foi neste vai-vem que Cauãm desejou-a como mulher.
No aniversário de Vitório recebeu de presente de seu amigo  uma belíssima bengala e de sua esposa  um cartão comum com  recado vulgar. Para o bom entendedor meias palavras bastam, filosofou Vitório
Vitório e Cauãm continuavam amigos até que num dia de muito entusiasmo e euforia, Cauãm recebe um bilhete anônimo.
Anaí com medo e desconfiada por ter cessado as visitas e os favores ao marido foi se afastando de seu amado. Mais bilhetes apareceram. Os amantes resolveram então se separar por algumas semanas, dar um tempo.
Sem novidades passaram-se alguns dias, quando no trabalho Cauãm recebe um bilhete a mando de Vitório:
 -Vem já aqui na minha casa e não demore.
Era meio dia, ficou alucinado, não sabia o que fazer, resolveu buscar uma solução com a cartomante. Entrou no carro e em segundos estava na casa da cartomante para aliviar aquele pesadelo. Como num passe de mágica todo seu nervosismo foi-se esvaziando enquanto ouvia palavra por palavra por fim ela acrescentou: é só inveja, porém é necessário cautela. Pagou-lhe mais do que lhe cobrara.
Às pressa sentou no carro e foi a casa de Vitório.Agora confiante de que nada de mal lhe aconteceria .Bateu na porta e ela por si só abriu, viu uma tragédia. Anaí ,ensaguentada no chão sem vida. Atirou-se desesperadamente sobre ela. Aparece Vitório e  com vários tiros deixa-o sem vida. O amor é cego, não ouve, não sente, é escravo da paixão.

Um comentário:

  1. Tarefa cumprida! Ficou ótima a releitura, pena que teve um final triste!
    Adorei!
    Abraços

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